Transformando a Restauração de Tênis em Negócio Próspero: A História de Eduardo Oliveira, o Mizuneira

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    Em 2011, quando o salário mínimo no Brasil era de R$ 545, a Mizuno lançou o Wave Prophecy, um tênis que custava cerca de R$ 900 e ficou conhecido nas periferias de São Paulo como “Mizuno de mil”. Tornou-se ícone no funk ostentação, com menções em letras como a de “Tá Bombando, é!” do MC Kevinho.

    Os tênis da marca viraram relíquias nas periferias, e a demanda por restaurações cresceu. Eduardo Oliveira, conhecido como Mizuneira, começou a restaurar esses calçados em 2020, durante a pandemia de Covid-19. Em dificuldades financeiras, ele restaurou seu Mizuno comprado em 2014, elevando seu valor de R$ 200 para R$ 800.

    Percebendo o potencial do negócio, Eduardo fundou a Mizuneira Restaurações, focada na reforma de tênis. Ele começou a comprar produtos antigos, apostando no mercado vintage e nos colecionadores. Com o tempo, atraiu clientes de diversas regiões de São Paulo.

    A empresa oferece serviços como troca de solas e reforma de costuras, revitalizando os tênis antigos. Com isso, Mizuneira conseguiu uma renda fixa e expandiu seu negócio, contratando sua esposa para cuidar das redes sociais e da administração, além de dois auxiliares. O trabalho como sapateiro rendeu frutos inesperados, como alunos interessados em aprender suas técnicas.

    Pouco tempo após postar as primeiras imagens das restaurações no Instagram, ele recebeu uma mensagem perguntando se oferecia cursos sobre seu trabalho. O primeiro curso foi vendido por R$ 200, mas hoje custa R$ 2.000. Um de seus alunos, do interior de São Paulo, alcançou um retorno financeiro de R$ 7.000 em um mês após o curso.

    Os alunos são chamados de “Família Mizuneira”. Eduardo acredita que ainda há espaço no mercado para novos profissionais, pois não há muita profissionalização na área de reforma de tênis. Ele comenta que sapateiros convencionais muitas vezes não gostam de reformar tênis, o que abre uma oportunidade para novos especialistas.

    Apesar do nome Mizuneira, a empresa também trabalha com outras marcas, como a Adidas, sem patrocínio da Mizuno. Eduardo vê potencial para expansão e continua a crescer, tanto no número de seguidores quanto de clientes e alunos.

    Reformar calçados da Mizuno não só trouxe estabilidade financeira para Eduardo, como também transformou sua paixão em um negócio próspero. A combinação de qualidade e atenção ao detalhe fez com que ele conquistasse um nicho específico e fiel de mercado, criando um modelo de negócio que une restauração e ensino, garantindo a perpetuação de sua arte e técnica.

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